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quinta-feira, 3 de novembro de 2011

MEC entra com recurso por anulação do Enem


TRF da 5ª região - Publicado em 3 de novembro de 2011 


Ontem, mesmo sendo feriado, os técnicos do MEC e membros da AGU trabalharam na elaboração do recurso

Mais novidade no Exame Nacional do Ensino Médio de 2011. Hoje, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, chega a Recife, onde a Advocacia-Geral da União (AGU), em nome do Ministério da Educação (MEC), recorrerá da decisão da Justiça Federal no Ceará, que anulou 13 questões do Enem.

O recurso será apresentado, à tarde, no Tribunal Regional Federal da 5ª Região, com sede na capital pernambucana. Conforme anunciado na imprensa, a ação será entregue pessoalmente pelo ministro. Ontem, mesmo com o feriado do Dia de Finados, os técnicos do MEC e membros da AGU trabalharam na elaboração do recurso.

A previsão é de que Fernando Haddad argumente que o ideal é que o exame seja aplicado aos 639 alunos da escola cearense que tiveram acesso às questões, ou seja, se posicione contrário ao cancelamento total. Isso porque, justifica, a anulação das 13 questões de um total de 180 contidas no Enem prejudicará a maioria dos estudantes que fizeram o Exame Nacional.

O pedido de cancelamento dos itens foi feito pelo Ministério Público Federal do Ceará (MPF), após a constatação de que alunos do Colégio Christus tiveram acesso antecipado a 13 questões do exame. A ação do MPF se refere às questões aplicadas nos dias 22 e 23 do mês passado. O Enem vale 1.000 pontos, mas, se as questões forem anuladas, o valor de cada item terá de ser reavaliado, de acordo com especialistas.

O MPF também deve pedir a anulação de mais uma questão, que seria semelhante a uma distribuída pelo colégio cearense.

Já a AGU argumenta que entrará com o recurso contra a decisão para "evitar prejuízos aos mais de quatro milhões de estudantes, que fizeram a prova e aguardam os resultados, inclusive para participarem de processos seletivos que utilizam a nota do Enem".

Os itens a que os alunos tiveram acesso estavam em apostila distribuída pela escola e teriam vazado na fase de pré-testes do exame, da qual o Christus participou em outubro de 2010. A Polícia Federal investiga o caso.

O pré-teste é feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), vinculado ao MEC, para avaliar se as questões são válidas e qual é o grau de dificuldade de cada uma. O MEC confirmou que 13 questões foram copiadas de dois dos 32 cadernos de pré-teste do Enem.


NOVA METODOLOGIA
Teoria de Resposta ao Item trouxe avanços


A metodologia aplicada ao Enem de Teoria de Resposta ao Item (TRI) tem sido motivo de dúvidas e preocupações para alguns pais de alunos que se submetem ao Exame. Entretanto, segundo os educadores, a TRI é um método de avaliação complexo, moderno e eficiente, no sentido de identificar o nível de aprendizagem do candidato.

Embora tenha preferido não tecer grandes comentários sobre o concurso ontem, o professor Cláudio Marques, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará (UFC), explicou que esta metodologia depende de um modelo estatístico, que possibilita isonomia na avaliação dos conhecimentos dos alunos. "O Enem é baseado na TRI, por isso as questões não têm o mesmo peso", destacou, esclarecendo que o método permite uma forma de correção diferenciada, conforme escala de pontos previamente estipulada.

Para o professor, que é também coordenador de programas acadêmicos da UFC, a TRI possibilita uma melhor avaliação do aluno do que o exame vestibular tradicional, pois funciona baseada numa escala de proficiência. Especialistas das áreas (disciplinas) avaliadas no Enem definem uma escala de conhecimentos, "que numericamente varia conforme os níveis de proficiência e conhecimentos indicados na resolução das questões aplicadas anteriormente Enem", explica.

Com isso, adiantou, os especialistas podem distribuir essas questões no Enem dentro de uma tabela indicando como fácil, mediana e alta complexidade. "Daí, se faz necessário o pré-teste, para verificar o nível de dificuldade do item elaborado e se a formulação da questão não apresenta problema".

Embora tenha considerado que a TRI seja um método "complexo, mas avançado para aferir conhecimentos", uma fonte lembrou: "é preciso saber quem pode fazer e quais as condições de segurança usadas na aplicação dos pré-testes".

MOZARLY ALMEIDA
REPÓRTER

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