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domingo, 13 de novembro de 2011

Currículo e sala de aula devem ser transformados


Integração - Publicado em 13 de novembro de 2011 


Segundo especialista, para combater a evasão, o ambiente escolar deve se adequar à realidade do aluno

O psicólogo e mestre em Educação, Marco Aurélio de Patrício Ribeiro, afirma que, para reduzir a evasão escolar, os gestores precisam tornar o ambiente institucional mais atrativo, transformando o currículo para a realidade do estudante, levando o lúdico para sala de aula, desenvolvendo esporte, arte e cultura no contraturno.

"A escola não pode jamais desistir do aluno. É fundamental um acompanhamento individual e visitas domiciliares para saber o verdadeiro motivo das ausências", destaca.

Para o coordenador de Avaliação de Educação da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), Kennedy Santos, o abandono é uma questão histórica, que não pode desaparecer em curto prazo. Segundo ele, a busca do primeiro emprego, a falta de motivação, a ausência de atrativos na escola são algumas questões que influenciam na evasão.

Porém, algumas alternativas estão se demonstrando eficazes na redução do abandono: as escolas em tempo integral e o projeto Diretor de Turma. Ele explica que, desde de 2007, com a criação das escolas em tempo integral, o número de matrículas nas instituições que aderiram esse modelo aumentou significativamente. "Atualmente, temos 77 escolas em tempo integral e a evasão dessa unidade é muito pequena", avalia.

Além disso, Santos acrescenta que o projeto Diretor de Turma tem colaborado para que os estudantes permaneçam na escola. O coordenador afirma que quase 100% das unidades de ensino aderiram ao programa, que elege um professor por sala para avaliar os estudantes e investigar as ausências. "Esse professor faz um acompanhamento individual, estabelece contato com a família, vai até a casa do aluno. Essa iniciativa aproxima a cada dia mais o estudante da escola", ressalta.

Ceará é primeiro

Apesar de várias lacunas existentes na área, como a evasão escolar e a distorção idade- série, o Ceará é o primeiro do Nordeste em índices educacionais, tendo desenvolvimento de 0,7133, considerado moderado. Pelo menos é o que mostra a pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) em 2009 e divulgada na semana passada.

Baseado em estatísticas oficiais do Ministério da Educação, o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM) lista taxas médias associadas aos potenciais socioeconômicos de todos os Estados brasileiros. Na área da educação, as variáveis utilizadas são a taxa de matrícula na educação infantil, abandono, distorção idade-série, percentual de docentes com nível superior, média de horas aula e Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB).

Com base nessa metodologia, estipularam-se as seguintes classificações: municípios com IFDM entre 0 e 0,4 (baixo estágio de desenvolvimento),entre 0,4 e 0,6 (desenvolvimento regular), entre 0,6 e 0,8 (desenvolvimento moderado), IFDM entre 0,8 e 1,0 (alto estágio de desenvolvimento).

Apesar dos bons índices em relação aos Estados do Nordeste, segundo a pesquisa, o Ceará é o 13º do País em educação, ficando também abaixo da média nacional, que é de 0,7506. Por outro lado, o Estado demonstrou uma evolução significativa na última década, classificando-se em 8º entre as unidades federativas que mais se desenvolveram na educação. No ano 2000, o índice de desenvolvimento cearense era considerado regular com 0,5032. Já em 2009, esse índice evoluiu para moderado, com 0,7133, demonstrando um crescimento foi de 41,7%.

Conforme o professor de história e presidente do Sindicato dos Professores do Ceará (Apeoc), Anízio Melo, o desenvolvimento educacional está diretamente ligado ao esforço dos profissionais da educação. Contudo, para diminuir tanto a evasão escolar quanto a distorção idade-série, que segundo ele, ainda são considerados problemas graves na educação do Estado, é necessária uma política pública forte de incentivo para que os estudantes permaneçam na escola.

Ele ressalta que a instituição escolar deve ser integrada com condições pedagógicas, com espaços esportivos e culturais. "É preciso valorizar a educação enquanto instrumento de formação científica, humana e profissional. Para que isso aconteça, é necessário a contratação de mais profissionais, como bibliotecários e psicólogos", opina.

Projetos do governo

Superintendência Escolar

Tem a missão de acompanhar a gestão das escolas. Acontece por meio de visitas de técnicos da Seduc às escolas

DIRETOR DE TURMA

Ação em que um professor da unidade de ensino fica responsável por uma determinada turma e acompanha seu desempenho. Há contato constante com os familiares e a direção da escola

Primeiro, Aprender!

Ação conjunta e articulada das diversas disciplinas, no âmbito da rede estadual de ensino, com vistas a desenvolver a capacidade de leitura, compreensão textual e articulação lógico-formal de conteúdos

KARLA CAMILA
ESPECIAL PARA CIDADE

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